BC divulga nova norma que reduz custos, mas mantém burocracia de bancos
O Banco Central do Brasil divulgou nesta segunda-feira (25) a nova norma aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que exige investimentos tecnológicos maiores de bancos. Mesmo reduzindo os custos para clientes e instituições financeiras, a norma seguirá com burocracias digitais restritivas.
Por meio do Programa Otimiza BC será possível abrir e encerrar contas de depósito em bancos eletronicamente. O maior objetivo com isso é de aumentar a oferta de produtos e serviços financeiros para a população.
Especialistas apontam que a nova regulação pode conferir dispositivos de segurança para bancos, mas, ao mesmo tempo, pode tornar necessários maiores investimentos em tecnologia.
De acordo com João Vitor Menin, presidente do Banco Intermedium, a medida veio em bom momento, diante da atual crise econômica do país. O executivo também afirma que cabe aos próprios bancos evitar crimes fraudatórios. “O mercado mudou, e o que o BC fez foi esclarecer e facilitar as regulamentações para que os bancos possam acompanhar essas mudanças. Todo mundo quer reduzir custos e otimizar processos e, sabendo usar a tecnologia a nosso favor, a gente conseguirá ter um índice de fraude até menor do que se a conta fosse aberta do modo antigo”, disse. “É um momento ótimo, uma vez que nessa situação de crise, as pessoas têm a chance de gastar menos tempo e dinheiro com isso”, completa.
Menin ainda afirma que um próximo passo será disponibilizar processos completamente digitais e até mesmo gratuitos. “Hoje em dia é viável abrir conta em qualquer estado, sem ter agências e sem cobrar. Isso é importante, já que de 2% a 5% dos gastos dos clientes é com tarifas bancárias, e isso não tem muito sentido. Esses movimentos vêm para colocar esse modelo em xeque“.
O CMN explicou em nota que “aplicam-se a estas contas as demais regras para conta de depósito, inclusive as relativas à situação cadastral, a tarifas, ao fornecimento de informações cadastrais, à adequação de produtos e serviços financeiros e à prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo“.
Entretanto, na opinião de Flavia Deutsch, diretora de marketing e produtos da Acesso, a burocracia bancária permanece a mesma, e outras alternativas ainda apresentam maiores benefícios para a população. “A medida só trouxe a mudança de canal onde a conta pode ser aberta, mas todos os requisitos da regulação 2.025 [que regula o relacionamento de pessoas físicas com os bancos]ainda continuam necessários. É um passo pra uma desburocratização, mas ainda existem vantagens que ela não alcança e que são oferecidas pelas fintechs, por exemplo”, afirma.
Deutsch garante que essa burocracia no processo faz com que se torne mais difícil a entrada de novos clientes nos bancos. “O que a gente está vendo, é que os bancos ainda não trabalham com o público enorme de não-bancarizados que o Brasil tem, e nem querem, necessariamente, trabalhar com eles. Os bancos continuam exigentes, coisa que difere do foco de outras ferramentas em trazer benefícios para quem está à margem do sistema”, conclui.
Fonte: Blog Skill