Empresas brasileiras gastam 25 dias por ano com obrigações fiscais
As empresas brasileiras precisam gastar, em média, 600 horas por ano – ou 25 dias – para calcular e pagar os seus impostos e contribuições. Esse foi o número apontado por um estudo realizado pela Receita Federal e representa menos de um quarto das 2.600 horas (ou 108 dias) que um estudo do Banco Mundial havia indicado anteriormente.
Na oportunidade, o estudo “Doing Business”, que o banco fez ao lado da PricewaterhouseCoopers (PwC), colocou o Brasil na última posição entre as mais de 180 nações analisadas
Justamente por desacreditar na veracidade desta marca é que foi feita a pesquisa pela Receita, segundo aponta o chefe da Divisão de Escrituração Digital do órgão, Clovis Peres. “Tínhamos certeza que esse resultado não se sustentava, então fomos olhar com precisão qual empresa é essa que o Doing Business está tratando”, conta.
Sendo assim, a Receita Federal, em parceria com a Fenacon (Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas) usou os mesmos parâmetros do levantamento do Doing Business e baseou-se na questão “quanto tempo demoraria para um profissional de uma empresa de vasos cerâmicos, com 60 funcionários, preencher e entregar todos os formulários necessários?”.
Como resultado, a parceria RFB/Fenacon constatou que, em média, são necessárias 373,2 horas com ICMS, IPI e contribuições, 116 horas com a contabilidade de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e 97,2 horas com folha de pagamento.
A grande diferença vista nos resultados têm uma explicação, de acordo com o diretor de Educação e Cultura da Fenacon, Helio Cezar Donin Junior. A Doing Business estaria usando um estudo antigo – e já defasado – para computar as horas necessárias pelas empresas. “Porque a estrutura tributária mudou muito, principalmente por conta das declarações eletrônicas”, aponta.
Ele também acredita que, por meio de ferramentas como a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), Sped e eSocial, “a tendência é que essas horas diminuam até estabilizar em um patamar um pouco menor do que apuramos agora”.
Apesar de a Receita Federal ter chegado em uma marca bem inferior ao apontado pelo banco, o Brasil ainda encontra-se abaixo de outros países na América. Na Argentina, por exemplo, são gastos 405 horas, enquanto que no Chile são necessárias 291 horas. Já nos Estados Unidos, a média é de 175 horas por ano.
Critérios
Alguns critérios ainda foram empregados no levantamento: a empresa teria que atuar em um único estado, não poderia ter demitido ou contratado profissionais no mês e deveria ser feita a extração de relógio ponto mecânico. Por fim, as duas pesquisas (Doing Business e Receita) trataram de empresas do Rio de Janeiro e São Paulo.
O estudo também usou cinco escritórios de contabilidade que, de acordo com a Fenacon, representam aproximadamente 500 empresas nos dois estados.
Fonte: Blog Skill