Salário mínimo de julho deveria ser de R$ 3.800, aponta estudo
Análise mensal leva em conta o valor médio da cesta básica em todas as 27 capitais do país para determinar qual deveria ser o salário mínimo suficiente.
Mensalmente, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) faz o levantamento de qual deveria ser o valor do salário mínimo para que o brasileiro conseguisse suprir todas as suas despesas básicas.
Em julho, a conclusão foi de que seria necessário um vencimento de R$ 3.810,36 para dar conta de “suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência”, conforme define o próprio Dieese.
O valor é maior do que o calculado no mês de junho, quando ficou em R$ 3.727,19. Por outro lado, é menor do que em relação a maio (R$ 3.869,92) e também está abaixo do maior montante já obtido desde o começo da série histórica, em 1994: R$ 4.016,27, de outubro de 2016.
Independente disso, o número obtido pelo Dieese para o último mês está bem longe da realidade brasileira. Hoje em dia, o vencimento mínimo vale R$ 937. Ou seja, quatro vezes abaixo do que o mínimo “necessário”.
Já para 2018, a projeção inicial era de que o salário mínimo aumentasse para R$ 979, o que custaria quase R$ 13 bilhões para contas do governo. Porém, ao anunciar as mudanças nas metas fiscais, o governo reduziu essa previsão para R$ 969.
Como é calculado o salário mínimo suficiente?
Para realizar essa equação, o departamento leva como base os valores de cesta básica das capitais do país. Em julho, por exemplo, A cesta básica mais cara foram encontradas em Porto Alegre e São Paulo (preços médios de R$ 453,56 e R$ 445,83, respectivamente).
Já as mais baratas foram as de Rio Branco (R$ 332,06) e Salvador (R$ 357,28). Também foi verificado que o custo da cesta básica no mês caiu em 14 das 27 capitais brasileiras.
Desemprego
Não só o salário mínimo suficiente está bem longe da realidade como, se aplicado por lei, ele causaria mais desemprego. É o que explica o economista Carlos Eduardo Gonçalves.
“O que vai acontecer com a pessoa hoje empregada que ganha um salário baixo? Você acha que ela vai continuar empregada ganhando R$ 3.700 ou ela vai ser mandada embora porque a contribuição dela para o produto final da empresa não vale esses R$ 3.700?”, questiona.
“Infelizmente o salário das pessoas está ligado à produtividade delas. E a produtividade delas está ligada com o capital humano. Muita gente nasce em situação muito precária e não consegue ir para escola, não consegue estudar, e não acumula capital humano. Esse cara vai ganhar mal. Se você quer que esse cara ganhe bem, não adianta escrever uma lei mandando ele ganhar bem, porque a empresa não vai contratá-lo”, explica Gonçalves.
“Quer fazer com que essas pessoas tenham um salário mais alto? Dê uma educação de maior qualidade para elas”, completa.
Confira abaixo a comparação entre salário mínimo real e suficiente ao longo de 2017, de acordo com o Dieese:
2017
Real Suficiente
Julho R$ 937,00 R$ 3.810,36
Junho R$ 937,00 R$ 3.727,19
Maio R$ 937,00 R$ 3.869,92
Abril R$ 937,00 R$ 3.899,66
Março R$ 937,00 R$ 3.673,09
Fev. R$ 937,00 R$ 3.658,72
Jan. R$ 937,00 R$ 3.811,29
Fonte: Blogskill